Nós, abaixo
assinadas(os), pertencentes ao Grupo de Trabalho “Estudos de Gênero” da Associação
Nacional de História/Seção Rio Grande do Sul, viemos a público manifestar nosso
repúdio aos ataques misóginos de parte da mídia nacional contra a figura da
presidenta do Brasil, Sra. Dilma Rousseff. Além disso, queremos, na pessoa
dela, manifestar toda nossa solidariedade para com as mulheres vítimas de
preconceitos, os quais ferem a democracia, as mulheres e atentam contra seus
direitos humanos e constitucionais.
Nós,
pesquisadoras(es) dos estudos de gênero e histórias das mulheres, feministas e
ativistas dos direitos das mulheres, repudiamos o tipo de argumentação sexista
e machista empregado para desqualificar a presidenta pelo fato de ser mulher.
Esse tipo de recurso linguístico/narrativo (historicamente ultrapassado e
revisitado por intenções escusas) apresentado sem documentação, sem fato
visível e sem fontes conhecidas, representa o mais baixo tipo de ataque feito
às mulheres. Um tipo de ataque que não se baseia em seu intelecto ou
capacidades, mas em seu gênero. Nesse sentido, a desqualificação da presidenta
acaba por respingar em todas as mulheres e em seu lugar no mundo público e
político.
A matéria da
Revista "Isto É" vem corroborar com uma das várias ofensas que as
mulheres têm sofrido ao longo dos tempos por ousarem se imiscuir nos negócios
públicos. Tais argumentos, buscados no passado e já desconstruídos no tempo, são
sustentados pela desqualificação machista e patriarcal do feminino e são sempre
empregados para atacar a imagem de uma mulher em uma posição de poder. Nesse
sentido, publicações dessa natureza, sem base factual e alicerçadas nos
preconceitos do senso-comum, apenas servem para disseminar o ódio e o
desrespeito. Seu único intuito é atacar e desqualificar, apontando uma pretensa
incapacidade emocional feminina para governar. Um argumento antigo e, por que
não dizer, falso, enfrentado pelas muitas mulheres que se atreveram a fazer
política ao longo da história.
Com base no exposto
acima, manifestamo-nos em defesa da Democracia, do Estado de Direito, do
respeito às instituições e ao voto livre dxs brasileirxs. Ao mesmo tempo, nos
posicionamos contra a manipulação midiática que se utiliza de fatos sem
comprovação para causar comoção e disseminar ódio e insegurança na população.
Defendemos que as denúncias sobre todos os políticos brasileirxs sejam apuradas
às últimas consequências. No entanto, repudiamos com veemência a construção
ficcional de ataques e denúncias que apenas vêm atender aos interesses de
grupos que não se dão claramente a conhecer. Conclamamos a população à cautela,
discernimento, escuta do outro e defesa de nossas conquistas históricas de liberdade,
democracia e respeito à diversidade.
Assinam as pessoas abaixo, bem como quem, fazendo ou não
parte do nosso GT, subscrever a esta nota.
Adriano Oliveira – Licenciado FAPA, Bacharelando UFRGS
Ana Maria Colling – Professora Dra. UFGD
Camila Albani Petró – Bacharelanda e Mestranda UFRGS
Carla Adriana da Silva Barbosa – Professora Dra. ETE Frederico
Schmidt
Daniela Garces de Oliveira – Doutoranda PUCRS
Elisa Fauth da Motta – Mestranda UNISINOS
Júlia Monticelli – Mestranda PUCRS
Marluce Dias Fagundes – Mestranda UFRGS
Mônica Karawejczyk – estágio Pós-doutoral PUCRS
Natalia Pietra Mendez – Professora Dra. UFRGS
Nikelen Witter – Professora Dra. Centro Universitário
Franciscano
Rejane Barreto Jardim – Professora Dra. UFPEL
Sofia Eggert Golbert – Graduanda PUCRS
Saudações GTísticas!